Lembro-me de que quando criança, pré-adolescente e adolescente eu tinha tempo para as pessoas, eu verdadeiramente me entregava e estava presente numa conversa, eu me importava com as pessoas e as coisas... ah as coisas eu deixava para depois. Não num ato de procrastinação, e sim por me relacionar 100% com aquelas pessoas, naquele momento.

Agora crescida, não velha, mas jovem o suficiente para refletir que esses foram bons tempos que vivi, e que hoje eu preciso mudar!

Me tornei egoísta demais e imatura o bastante para ocupar meu tempo com coisas, afazeres, responsabilidades, pensei que seria melhor para mim, para o meu crescimento profissional, pessoal, intelectual, emocional, mas me deparei com um fracasso total. Quão tola fui! Vivo cheia de dor, tensão muscular, insonia, cara emburrada, reclamações, por querer inverter a ordem dos fatores, que neste caso altera e muito o resultado.

- E as pessoas?

- Ah as pessoas estão mais distantes, em segundo plano, "estou ocupada demais para elas", tenho trabalho, faculdade, projetos para resolver, estou sem tempo!

Refletindo agora, entendi que sem as pessoas, não posso ser melhor em nada, pois elas que me darão a mão quando eu precisar, elas que me aconselharão a agir de determinada forma ou não, elas que, me acolherão quando eu me sentir sozinha e juntos seremos mais fortes. 

Preciso mudar e me tornar aquela menina que se entregava para as pessoas, sem medo do que está por vir. Deixar as coisas num segundo plano e as pessoas em primeiro, tenho que olhar para meus afazeres e dizer:

- Só um instante estou me relacionando com uma pessoa agora, depois nos falamos!"

Aquela menina com brilho nos olhos e entregue totalmente à pessoas, presente 100%. Preciso reencontrá-la!
Pessoas ajudaram a formar meu caráter, não coisas!

Hey moça, não some não...

Quando você faz isso só me mostra o seu lado sem noção! Aquele de não compreender o tamanho gigantesco da importância que tem sua presença; de esquecer que o seu abraço me acalenta quando só preciso dele para descansar; de conquistar aquele sorriso forçado, mas que sempre se rende ao sorriso frouxo e largo.

Se pensas que isso me faz bem, se engana profundamente, pois mal sabes tu que seus olhos falam muito alto e gosto de desvendá-los; mal sabes que todo o tempo que estivemos juntas foram suficientemente insuficiente para compartilharmos nossas histórias e vidas e que se você sumir não teremos mais a oportunidade de desfrutá-los.

Quero te deixar um último recado: VOLTE!

Mas volte logo, antes que seja tarde demais, antes que não existirei mais, antes que tudo seja quebrado por algo chamado "fim", e só assim terei certeza de que tudo que vivemos valeu muito a pena, porque você se foi e voltou.

Quero dizer que sempre estive e estarei de braços abertos para te receber de volta.

Lembre-se do nosso último abraço.

Com carinho,

Re.

Era uma madrugada amena e chuvosa, a menina estava deitada em sua cama virando de um lado para o outro, tentando encontrar uma posição para repousar o corpo e sua mente após um longo dia de Março.

Quando tudo ao seu redor se silencia e apenas o som da chuva caindo e os pingos de água que se encontravam com o chão invadiam seus ouvidos, um forte aperto no peito lhe indicava que algo estava acontecendo em seu coração. Não bastou somente isso, veio acompanhado de lembranças, de saudade da sua avozinha que partira há praticamente 4 anos.

Lágrimas rolaram, o nariz entupiu, um nó na garganta lhe causava incômodo e o coração estava tão acelerado que parecia um coração de passarinho e permaneceu assim como se fosse infinito, arrancou-lhe a vontade de dormir e deu-lhe de lembrete àquela mulher que fora tão especial em sua vida.

De toda aquela explosão de emoções e sentimentos restou-lhe se agarrar nas lindas lições que sua vozinha deixou enquanto era viva, restou-lhe se lembrar dos sentimentos que a morte dela deixou: Unir-se verdadeiramente e valorizar as pessoas que estão por perto e enquanto estão vivas, porque depois... só restam lembranças e saudades dos bons momentos vividos!

Por Bezerra, Rebecca.